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terça-feira, agosto 31, 2004

NUA NOITE

A noite fica nua sem ti. As estrelas apagam-se e o brilho que me ilumina quando passeio nas ruas deixa de conseguir fazer-me ver o caminho que percorro até casa.
É como se adormecesse e não conseguisse percepcionar o mundo sem a luz que tem origem em ti. E tu sabes como eu gosto de viver à noite. Sabes bem que quando me deito, além de pensar em ti, penso também na manhã que floresce à medida que reviro o olhar na direcção da janela. Sempre soubeste que me deito com o acordar das outras pessoas. Nunca te escondi isso.
E agora, quando te deitas, quando deixas de me acompanhar, fico sozinho à noite e a noite sente-se despida por não te ter por perto. E eu, obviamente, também sinto isso.
E é como se fosses a estrela mais brilhante de todas e aquela por quem as outras brilham, aproveitando o rasto de luz que deixas ao passar. Como se fosses a única razão pela qual o céu se ilumina, estrelado, quando cai a noite e eu vou para casa a pensar em ti. Como se a noite luzidia me desse o único motivo que tenho para me lembrar de como é bom lembrar-me de ti. De como é bom ter alguém em quem pensar. De como é bom pensar em alguém como uma estrela na minha vida que brilha muito mais do que todas as outras.
Sinto, essencialmente, um vazio que me adormece, como que associado à luz que emanas sem querer, que deixas de emanar sem querer, sem que faças de propósito, mas é, de facto, o que acontece, quando adormeces e deixas de me acompanhar.
E a noite nua acaba por se fechar, porque a maior estrela de todas se apaga, deixando nua a escuridão que me ilumina noite por noite, deixando clara esta necessidade de ser iluminado por ti.


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