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quinta-feira, julho 17, 2003

O TEU SORRISO

Pus-me a pensar no teu sorriso e tive que me deitar na cama porque é preciso fechar e apertar bem os olhos para saborear esse momento tão delicioso. Quando sorris parece que tens um mundo só teu que mais ninguém entende e ficas com os olhos pequeninos e muito brilhantes, como se estivesses a observar alguém que não quer ser observado e o fazes com a subtileza necessária para não o perturbar. Quando sorris deixas meio mundo encantado, é que ainda não conheci ninguém que não te gabasse a beleza com que ficas quando estás contente. Quando sorris, fico a pensar que não precisas de mais ninguém senão de ti mesma.
Assim que me deitei para apreciar no pensamento a tua cara fina e clara a sorrir, lembrei-me do calor que estava e tive que me voltar a levantar para baixar a persiana a ver se o sol não entrava tanto. Antes de me voltar a deitar peguei na garrafa de Johnny Walker e enchi outra vez o copo, com mais umas pedras de gelo.
Quando me deitei, tinha na cama o quadro que tu pintaste e que eu fiquei de pendurar na parede da sala. Ainda não o fiz porque tenho medo de não dar valor às coisas que me dás e já sei que se o deixasse lá dificilmente ia olhar para ele tantas vezes como as que tu mereces que eu olhe. Afastei o quadro e deitei-me de barriga para cima com o copo na mão, enquanto te imaginava na praia de sandálias a correr pela areia branca e a rodopiar aos saltinhos como se ainda fosses uma criança, sempre com um sorriso nos lábios e o ar de felicidade que exibes sempre que estou a olhar para ti.
O que me acontece quando me deito a pensar em ti é que nunca mais adormeço, por muito que seja o sono. Poiso o copo e desligo a televisão, puxo a almofada e encosto-me bem confortável, sempre de olhos fechados com o teu sorriso dentro de mim.
O que me faz falta és tu, com esses teus lindos olhos e o sorriso por me ver, só para que eu sinta que estás perto, só para que eu sinta que ficas feliz por estar comigo, só para que assim eu consiga dormir, finalmente, em paz.



terça-feira, julho 15, 2003

UMA PEDRA CINZENTA


Encontrei uma pedra cinzenta à porta de casa e pensei guardá-la para te dar quando estivéssemos juntos. Trouxe-a para dentro e pensei que se fingisse que era um animal a podia alimentar e fazê-la crescer, como quem alimenta um amor que ao princípio parece só uma pequena grande amizade. Como se fosse possível fazer nascer um amor entre nós que fosse pequenino no início mas depois lhe dessem comida e ele crescesse até que não conseguíssemos mais estar afastados e começássemos qualquer coisa muito bonita, só nós os dois. Consegues perceber o que quero dizer? Acho que estar apaixonado tem destas coisas.
A pedra estava em cima de um pedaço de erva macia que não tive coragem de arrancar. Não sei se já lá estava ontem ou na semana passada, só sei que ao chegar bati com o pé na pedra e ao magoar-me tirei-a do chão antes que mais alguém se pudesse ferir. Antes que tu, na eventualidade de cá apareceres, pudesses soltar uma lágrima enquanto te apoiavas nos degraus a aliviar a dor no pé. E foi por pensar em ti que levantei a pedra do chão e a trouxe para o meu quarto, só porque era mais uma recordação tua.
Não que eu tenha medo em esquecer-te, mas porque talvez um dia eu tenha juntado tanto de ti, que lá no fundo, no meu fundo, tu sejas mais minha do que tua…



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